Semana passada eu estava assistindo uma série norte americana e, em um dos episódios, o personagem, que não aguentava mais o relacionamento em que tinha se "enfiado", decidiu finalmente dar um fim à história, usando a frase clichê que todos nós conhecemos tão bem: "Não é você, sou eu."
O episódio acabou. Eu desliguei a televisão e fui deitar
para dormir, mas, aquela frase, tão boba e ridicularizada, não saia da minha
cabeça. Foi então que eu pensei: Talvez não seja a frase que esteja errada,
mas, o seu uso.
"Como assim, Ghiovana?"
Eu explico.
Essas cinco palavrinhas tem sido usadas para
"justificar" o fim de incontáveis relacionamentos, namoros e até
mesmo casamentos, ao redor de todo o mundo. Mas, eu percebi que, se
aprendêssemos a utilizá-las da maneira correta, elas poderiam ser a solução para
salvar os mesmos.
Se aprendêssemos a olhar para quem está ao nosso lado e
pensar: Não é você, sou eu. Não é você - ou, pelo menos, não só - que precisa
mudar, sou eu, também. Não é você, que precisa carregar sozinho esse peso, sou
eu, que preciso ajudar. Não é você, o culpado de tudo, sou eu, juntamente. Não
é você, que eu preciso ficar esperando que tome uma atitude pra mudar essa
história, sou eu. Por que não?
Passamos relacionamentos inteiros culpando o outro, atirando
o peso, a culpa, a responsabilidade, pra cima do outro, pra depois, no fim de
tudo, dizer que não tem a ver com ele. Mas, e aí, antes, tinha? E antes,
"era você", ou "era eu"? Quem dera entendêssemos desde o
início que o nosso tão protegido "eu" sempre tem parcela em tudo.
Seja pra melhoria, ou pra ruína.
O problema é a nossa mania de sempre lidarmos com as
mudanças como uma batata quente, que precisa ser atirada pra qualquer mão,
menos as nossas. O problema são os corações inflexíveis dominados pelo orgulho
e vaidade, que se recusam a abandonar a sua zona de conforto e dar o primeiro
passo. O problema é o ego inegociável que prefere se arriscar a perder pessoas,
do que perder a pose e a razão.
A questão é que relacionamento exige doação. Vivemos em uma geração onde
todos esperam ser servidos e saciados, mas ninguém se coloca no lugar de servir.
Fazemos listinhas com coisas que esperamos do outro, e esquecemos de fazer uma
com aquilo que precisamos fazer. Todos estão a busca de alguém que preencha
"sua vaga", mas ninguém quer ser quem se qualifica pra preencher a
vaga de outrem. E aí, "como faz?" Como é que se resolve o X da questão?
É simples. Entenda: A única pessoa que você pode mudar, é a si mesmo. O que vai gerar mudança em outra pessoa, é o seu
exemplo. Seu papel não é mudar as pessoas, esse papel é do Espírito Santo. O seu papel é amá-las, e orar por elas.
Se todos nós pensássemos dessa forma, ninguém precisaria
cobrar nada do outro. Mas, sempre caímos no gigantesco erro de achar que
nós nunca somos o problema. De que não somos nós que precisamos agir. De que não
somos nós que precisamos mudar. E, muitas vezes, quando tentamos, e não recebemos resultados imediatos, desistimos, por não entender que amar, em sua essência, é doar-se, sem esperar receber em troca.
Aprendi isso em meio a tantas características sobre o amor que li em 1 Coríntios 13:
"[...] O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses..."
Touché!
Quando entendemos esse princípio, percebemos que amar alguém, não é sobre a sua recompensa. Não é sobre satisfazer as suas vontades. É sobre buscar os interesses de quem você ama! É sobre fazer feliz!
O amor é o único sentimento capaz de fazer o ser humano tirar os olhos do seu próprio umbigo, e é por isso que ele não coabita com o orgulho. Onde um vence, o outro tem de se retirar.
Se você está em um relacionamento, pense: Quanto tempo você gasta tentando mudar o seu namorado (a)/ esposo(a)? E, quanto, desse tempo, usa para buscar mudar a si mesmo? A resposta pode ser surpreendente.
Se você está solteiro (a), igualmente, reflita: Quanto tempo você gasta pensando no que espera de alguém? E, quanto desse tempo, investe em você, no seu crescimento e melhoria, pra que quando este "alguém" chegar, você possa o fazer feliz?
Às vezes, encontramos as respostas que precisávamos pelo simples fato de aprendermos a fazer as perguntas certas.
O melhor presente que você pode dar pra quem vive - ou viverá - ao seu lado, é investir em você.
É clichê, eu sei, mas é a mais pura verdade. Tudo muda, quando você muda. E a sua mudança, acompanhada de amor, paciência, e oração, são as respostas para a pergunta mais errônea, mas que, talvez, seja a mais feita a terapeutas de casais nos dias de hoje:
"Como eu posso mudar meu cônjuge?"
A própria bíblia nos dá uma revelação preciosa quando Paulo fala acerca do casamento:
"O marido descrente é santificado por meio da mulher, e a mulher descrente é santificada por meio do marido." (1 Coríntios 7:14)
Sua santidade influencia quem está do seu lado! Sua conduta pode transformar a conduta de quem convive com você! Mas, pense: Como poderei ser usada para santificar o meu marido, se eu não busco santificar-me? Em outras palavras: Como poderei ajudá-lo a mudar, se eu não mudar primeiro?
Tudo começa com você. Tome sua posição, assuma sua responsabilidade. Um relacionamento fracassado nunca é culpa apenas de um. A culpa é sempre uma dívida de duas parcelas. Assim como o
amor. Assim como o respeito. Assim como a dedicação. Não adianta, os dois tem
que pagar.
Se fim de relacionamento é divisão de bens, relacionamento,
em si, é divisão de dívidas. E a maior delas, é a de buscar fazer o outro mais feliz.
Você tem pago as suas parcelas em dia?
Não as deixe caducar. Não deixe o amor prescrever.
Pague o preço: Ame à vista.
O problema é você, a solução... Também.
De quem tem buscado assumir as suas parcelas,
Ghiovana Christini.
1 comentários
Ótimo texto, bem claro, assertivo! Me identifico cm seus pensamentos...continue nessa sua força!😉
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